domingo, 21 de março de 2010

Austrália: preocupação pelas plantações varrida para debaixo do tapete pelo movimento ambiental, artigo de Anthony Amis

A Austrália, como todos os países coloniais se baseou no roubo das terras dos povos indígenas. No entanto, na Austrália, as autoridades levaram o roubo além disso, declarando que o continente era ‘Terra Nullius’, significando terra vazia ou terra que não pertencia a ninguém. O Terra Nullius não garantia direitos para os povos indígenas, já que, como poderiam ter direitos se legalmente não existiam?

Nas porções do sul da Austrália, isso significou que os sobreviventes indígenas dos massacres e doenças foram encerrados em missões e ‘removidos da vista da maioria dos brancos’. Com o deslocamento da população indígena de seus países, os europeus instalaram-se e tentaram ‘europeizar’ a terra, na maioria dos casos com resultados desastrosos.

O vasto desmatamento da terra aconteceu tanto para a expansão agrícola quanto para a atividade florestal. Uma descrição indígena do extermínio ambiental que resultou o descrevia como ‘uma praga de gafanhotos descendendo sobre a terra e devorando tudo à vista’.

Em finais da década de 60 e o começo da década de 70, as operações de exportação de lascas de madeira aumentaram a taxa de destruição das florestas nativas. 40-50% da madeira das florestas nativas produzida na Austrália foi exportada para o Japão como lascas de madeira. Para a década de 90, esse número tinha aumentado para 80%.

Também na década de 60, os esforços para financiar uma expansão da base de plantações da Austrália ocorreram e resultaram no desmatamento de grandes áreas de florestas nativas. Os conservacionistas se opuseram ao estabelecimento dessas plantações, bem como à derruba de grandes áreas de florestas nativas. Essencialmente, o movimento de conservação na Austrália foi dominado por grupos que queriam proteger a biodiversidade natural das florestas da nação.

No entanto, em 1989, o Royal Melbourne Institute of Technology (Instituto Real de Tecnologia de Melbourne) publicou um trabalho chamado “No Need for Conflict” (O conflito é desnecessário). O trabalho foi escrito por Judy Clark (uma economista de recursos e antiga burocrata do governo) e Margaret Blakers (uma ativista das florestas). O trabalho começou a promover a visão de que com uma crescente base de plantações era possível que Austrália detivesse totalmente a derruba de florestas nativas, provindo todas as necessidades de madeira serrada do país de plantações de madeira branca e pasta de plantações de madeira branca e madeira dura. As plantações estabelecidas na década de 60 estavam prontas para serem cortadas, o que significava que um grande volume de madeira de plantações estava disponível.

O primeiro grupo que apoiou publicamente essa posição foi The Wilderness Society em 1991, que incentivou os consumidores de madeira a ser ‘éticos’, comprando apenas madeira de plantações. Em julho de 1995, Conselhos de Conservação do Estado e do Território da Austrália encarregaram o relatório “Australia’s Plantations” (Plantações da Austrália) por Judy Clark. Esse relatório reuniu informação do país inteiro, de novo com a agenda de agilizar a transição de florestas nativas para plantações. Em 1996, a Australian Conservation Foundation, também apoiou uma política de não cortar as florestas nativas. O partido Ecologista também foi ativo no apoio às plantações.

Os grupos em favor das plantações quase não mencionaram os óbvios problemas das plantações, como por exemplo uso de pesticidas e o consumo de água ou (não é de estranhar) os direitos indígenas à terra. Antigamente, os grupos ambientais tinham criticado a atividade florestal industrial em todas suas formas e aspectos. A crítica às plantações da metade da década de 90 viria agora somente de uma pequena minoria do movimento e de comunidades atingidas pelas plantações.

Para 1996, grupos de ONG ambientais como Amigos da Terra que questionavam a sustentabilidade das plantações começaram a estar cada vez mais pressionados para apoiar a posição de não cortar as florestas nativas e um desentendimento se desenvolveu no movimento das plantações, com pessoas que criticavam as plantações deixadas à parte ou completamente ignoradas. A política de plantações somente não podia ser apoiada por Amigos da Terra porque apenas dois anos antes, ativistas de Amigos da Terra na Tasmânia tinham sido envenenados com Atrazina escoada de uma plantação de eucaliptos em Lorinna. Como poderia Amigos da Terra apoiar uma política de plantações que envenenava fontes de água domésticas!”

As críticas incluíram qualquer corte de florestas nativas com qualquer fim. O florestamento de restabelecimento, a atividade madeireira ecológica, a coleta de lenha, etc., foram todas tratadas com suspeita. Essencialmente, a maioria do movimento ambiental australiano tinha sido em 1996 voluntariamente capturado pela ideologia ‘somente plantações; não ao corte de florestas nativas’.

Em 1997, o Governo Estadual e Federal anunciaram a Visão 2020, que essencialmente visualizava uma triplicação da base de plantações da Austrália para o ano de 2020. De um milhão de hectares para três milhões de hectares. A crítica da Visão (um dos maiores apropriações de terra pelas corporações da Austrália) pelas ONG ambientais foi quase inexistente. Como poderia um movimento que apoiava quase totalmente as plantações surgir e criticar um plano para triplicar seu tamanho? Que gratificação para as companhias de plantação!

Da mesma forma, com planos para agilizar o ritmo do desenvolvimento das plantações em sentido internacional, como poderiam ONG ambientais australianas criticar totalmente o desenvolvimento das plantações em outros países quando apoiavam um desenvolvimento similar em seu próprio país?

Com o Conselho de Manejo Florestal ingressando na Austrália em 2002, a nascente Câmara Ambiental não podia chegar a um acordo sobre a certificação nas florestas nativas e desde a época a certificação tem ocorrido apenas em plantações sob standards provisórios.

Em resumo, a promoção das plantações na Austrália por ONG ambientais tem surgido em decorrência da ampla destruição das florestas nativas e tentativas desesperadas de proteger o que resta dos trituradores de madeira. No entanto, em sua pressa para promover as plantações, uma série de preocupações ecológicas e sociais com as plantações tem sido totalmente “varridas para debaixo do tapete” pelo movimento ambiental. Isso tem deixado a luta contra as plantações na Austrália para comunidades sem recursos e um escasso grupo de ambientalistas espalhados, no qual me incluo.

Anthony Amis, Friends of the Earth (Amigos da Terra) Melbourne, email: anthonyamis{at}hotmail.com

- http://www.ecodebate.com.br/2009/05/22/australia-preocupacao-pelas-plantacoes-varrida-para-debaixo-do-tapete-pelo-movimento-ambiental-artigo-de-anthony-amis/



Flavia Carneiro

quinta-feira, 4 de março de 2010

Austrália


Curiosidades:

Australia Day
O Dia Nacional da Austrália é comemorado em 26 de janeiro, data em que a bandeira britânica foi colocada na baía de Sydney em 1788. A data é comemorada com o desfile de barcos na baía de Sydney e apresentações artísticas espalhadas pelas principais cidades do país.

Didgeridoo
O som aborígine

Muitas pessoas não entendem como pronunciar essa palavra um tanto complexa que foi escolhida para nomear um instrumento de sopro de origem aborígine, datado de mais de 40 mil anos.

O didgeridoo (pronuncia-se “digeridu”) é feito com a madeira proveniente do tronco do eucalipto. No entanto, o tronco da árvore só serve para a confecção do instrumento se estiver comido por cupins, para que possa produzir determinados sons.

De acordo com o povo aborígine, tocar o didgeridoo provoca alterações no sistema nervoso central sendo capaz de alterar estados de consciência e provocar um efeito relaxante. Será?

Verdade ou não? Muitos turistas e estudantes que visitam a Austrália trazem o instrumento de recordação na bagagem para um dia quem sabe aprender a tocar...

Canguru


O canguru foi eleito o símbolo do país. Aparece no brasão da Austrália ao lado da ave emu. Estima-se uma população de 40 milhões de cangurus – dois para cada habitante da Austrália. Dessa forma a caça é permitida em alguns lugares do país, em determinadas épocas do ano.